S. PEDRO DA COVA 5 - 0 C. R. ATAENSE - ANALISE
No domingo fomos até S. Pedro da Cova para jogar contra a equipa local, perdemos por cinco bolas a zero e independentemente do que possamos aqui dizer, temos de admitir que, perante este resultado, o S. Pedro é um justissimo vencedor.
Podemos especular que jogamos bem, que tentamos e o certo é que estivemos muitas vezes por cima do jogo, mas na realidade não conseguimos ser objectivos e criar reais oportunidades de golo.
Entramos praticamente a perder, aos dois minutos já tinhamos sofrido um golo, numa altura em que não podemos dizer se é ou não justo, mas o S. Pedro aproveitou bem um erro defensivo da minha equipa.
Depois disso assumimos o comando do jogo e estivemos sempre proximos da área adversária, mas sem criar grande perigo, ou seja de nada adiantou o dominio.
Após a marcação de um canto, a nosso favor, a equipa da casa chegou ao segundo golo à passagem do minuto 16. Mais uma vez aproveitando e bem os nossos erros.
Voltamos a jogar bem, a tomar conta do jogo, mas de nada nos adianta dominar o jogo se não conseguimos marcar. Ao contrário do S. Pedro que sempre que ia à nossa baliza marcava, foi o que aconteceu ao minuto 34, onde mais uma vez andamos aos papeis e não fomos rapidos a tirar a bola da zona critica.
Ao intervalo estavamos a perder por três bolas a zero. O S. Pedro tinha ido à nossa baliza em quatro ocasiões e marcou em três delas. Por isso temos de aceitar a vantagem ao intervalo.
Chegando ao intervalo não há grande coisa a dizer a não ser pedir aos jogadores a superação dos seus proprios limites e lutar ao maximo para tentar inverter uma situação que é deveras complicada.
Isso não aconteceu e não só não marcamos como voltamos a sofrer mais dois golos. Fixando o resultado em 5-0.
De referir a humildade do capitão da equipa da casa, além de excelente jogador é também um miudo muito humilde e ao marcar o 5º golo da sua equipa dedicou-o ao nosso capitão Renato. Num gesto de amizade, companheirismo e acima de tudo de muito respeito. Demonstrou que a braçadeira está muito bem entregue e que são essas atitudes que separam os eleitos dos escolhidos. Sem duvida que esse miudo é como o nosso capitão foi, O ESCOLHIDO. Obrigado Rocha pela dedicatória.
Não podemos dizer muito mais deste jogo, o S. Pedro da Cova venceu e como diz o resultado, sem qualquer margem para duvidas. Parabens ao S. Pedro pela vitória, parabens aos seus jogadores porque souberam transformar um jogo muito dificil, à partida, num jogo tranquilo e facil.
Aproveito para dizer que jogar futebol é ganhar, não adianta dizer que jogamos bem se não ganharmos, porque o que fica para a historia é o resultado.
Aos meus jogadores, aqueles que estiveram dentro de campo e que entraram, agradecer porque se esforçaram para dignificar o clube, dizer também que independentemente do erros individuais e que prejudicaram o colectivo, senti que todos deram o que podiam e que sabiam. Desta forma não há nada a apontar. É assim que temos de sair de campo. Sempre de cabeça erguida e não de cabeça perdida. Obrigado a todos os que trabalharam e que se esforçaram. Deixo para vocês fazerem uma auto-analise e uma auto-critica daquilo que fizeram dentro de campo. No entanto não podemos esquecer tudo aquilo que vocês têm feito pelo clube e são vocês os "bravos" que tiveram a coragem de continuar e aguentar criticas, algumas justas, mas muitas delas injustas. Não desistiram como alguns fizeram. Estão cá e têm honrado o clube. Alguns de vocês jogando lesionados porque o clube precisa e isso não pode ser apagado. Pela parte que me toca, obrigado meus meninos por tudo aquilo que têm feito. Perdemos, mas sem duvida que lutamos.
Antes de me despedir quero fazer uma chamada de atenção para o seguinte:
1º: Nos escalões de formação as equipas são compostas, normalmente, por 22 a 25 jogadores. Situação que se verificou no escalão de Juvenis do C. R. Ataense. Dessa forma todos os jogadores fazem parte das opções dos treinadores, ou pelo menos devem fazer. Comigo, todos são opção, todos os jogadores partem do mesmo patamar, não tenho "meninos bonitos", nem considero uns filhos e outros enteados. Por isso todos os jogadores sabem que têm hipoteses de jogar, desde que trabalhem, se empenhem e estejam dispostos a sacrificar-se pelo clube.
2º: Todos os jogadores sabem que são opção, todos os jogadores sabem que podem jogar de inicio, assim como sabem que podem ser substituidos. Substituições essas que podem ser por diversas razões, as mais visiveis são, porque é necessário alterar alguma coisa na equipa em termos de sistema de jogo, ou porque o jogador não está a dar o andamento necessário para que o modelo de jogo se cumpra, mas também há uma muito importante que é a defesa do jogador. Quando o jogador não está bem, nós treinadores temos de saber defende-lo e tira-lo do jogo para que esse jogador esteja livre de ser criticado. Essa substituição pode ser efectuada em qualquer altura do jogo, independentemente da ideia que as pessoas que estão a ver o jogo possam ter.
3º: Nos escalões de formação podem ser efectuadas 5 substituições por jogo e está ao critério do treinador poder ou não utilizar essa situação.
4º: Nunca nenhum dos meus jogadores pode dizer que não sabe o porquê de ter saido, ou melhor pode não saber naquela altura, mas mais tarde eu faço questão de dizer a esse mesmo jogador o porquê.
5º: Todos os jogadores podem ficar chateados porque sairam, isso é uma demonstração que queriam ficar lá dentro a ajudar a equipa, mas têm de aceitar as decisões do treinador. Independentemente de acharem que essas decisões são certas ou erradas. Há momentos para se discutir isso e não será nem no decorrer de um jogo, nem no final do mesmo, mas sim no balneário quando estamos a fazer a analise do referido jogo.
6º: Fui jogador durante 13 anos, na minha formação passei por clubes como o F. C. Cerco do Porto, o F. C. Porto, o S. C. Salgueiros e o Gondomar S. C., onde conquistei os mais diversos titulos a nivel colectivo e individual. Nesses clubes vi de tudo, mas nunca vi nenhum pai a espera pelo treinador do final do jogo para tirar satisfações sobre o porquê de o filho ter sido substituido, ou por não ter entrado em campo! Nem tão pouco vi pais a esconderem-se atrás de outros ou a taparem a boca para proferirem improperios contra os treinadores. Estou no Ataense há dois meses e isso já me aconteceu por 3 vezes! Fico inclusive estupefacto pelas coisas que as pessoas dizem e os argumentos que usam... Acredito que se os filhos jogassem em qualquer um dos clubes que referi atrás, os pais não iam ter com o treinador para tirar satisfações sobre o que quer que fosse. Sabem porquê? Porque saberiam que assim que o fizessem, a carreira do filho enquanto jogador daquele clube teria terminado ali! Nesses clubes os pais ainda "dão na cabeça" aos filhos porque não fizeram isto ou aquilo bem. Mas no Ataense. dá a sensação, que o clube não merece o mesmo repseito que merecem os clubes referidos!
7º: Nenhum jogador assina para ser titular, independentemente de pagarem a taxa de formação, o equipamento ou a sua inscrição na A. F. Porto. Todos os pais, mas principalmente os jogadores têm de saber que o pagamento não lhes dá qualquer benesse, que o clube não é um sitio onde vão apenas dar um chutos. É preciso trabalhar para jogar. O pagamento apenas lhes permite treinar e ser ensinados para poderem evoluir como jogadores e como pessoas.
8º: Já treinei dezenas de jogadores e nenhum me pode acusar de ter sido injusto com eles, sempre apostei nos que trabalham e se empenha cumprindo os requisitos que eu acho necessários para poderem jogar nas minhas equipas. Sempre jogou aquele que eu achei estar melhor preparado para aquele jogo. Nunca fui de "queimar" jogadores. Não sou de prejudicar jogadores pelo que os pais fazem, mas castigo o jogador quando o mesmo toma qualquer partido que prejudique a equipa. Não deixo passar em claro uma atitude menos correcta para com a equipa ou o clube. Por isso todos os jogadores que cumprirem as minhas regras, independentemente de as acharem correctas ou não, nunca sairão prejudicados, da mesma forma que todos sabem que se as infrigirem, seja para ficar do lado de quem for, esses jogadores serão punidos. Tenho este modus operandi desde que sou treinador e não o vou mudar agora.
9º: Ouvi dizer, no decorrer do jogo desta semana, que era uma palhaçada um jogador ser substituido. Eu pergunto porquê? Baseado nos pontos atrás descritos. Depois no final do jogo ouvi falar em humilhação! nenhum jogador treinado por mim pode-me acusar de humilha-lo. Sou exigente? Sim, sou. Não admito faltas de respeito? Não, não admito. Quero sempre o maximo de quem trabalha comigo? Sim, quero. Mas sabem porquê? Porque eu também faço as coisas dessa forma. Não brinco com os meus jogadores, não os "queimo", tentam sempre defende-los e dar-lhes o melhor de mim, dai exigir apenas o melhor dos outros. Ouvi dizer, no final do jogo, que tenho de aprender a ser treinador! Não duvido que estamos sempre a aprender, mas acredito que sei ser treinador, até porque o meu curriculo fala por mim. Basta também perguntarem aos meus jogadores aquilo que pensam de mim e eles responderão.
10º: Para terminar quero dizer a todos quantos lêem este desabafo em tom de comunicado. Ando no futebol porque gosto, não vivo do futebol, e graças a Deus não preciso do mesmo para pagar as minhas contas ou para comer, porque se assim fosse eu seria muito, mas muito mais elegante. Graças a Deus tenho familia em casa à minha espera, familia essa que deixo muitas vezes privada da minha companhia para estar junto dos meus jogadores, jogadores esses que apelido de "meus meninos", sem falsidades. Gasto do meu dinheiro para poder estar em todos os treinos e em todos os jogos. Compro os meus proprios equipamentos e materias pessoais para os treinos e para os jogos. Saio do trabalho e vou a correr para o treino, faço o treino e chego a casa tardissimo e no outro dia levanto-me cedo para poder estar a trabalhar novamente. Levanto-me cedo ao domingo para poder estar nos jogos com a minha equipa. Defendo os meus até à exaustão e tenho provas fisicas disso. Não deixo os meus jogadores desamparados nem abandono "o barco" à deriva como muitos o fazem e que depois vão criticar. Tenho 28 anos, não sou nenhum menino. Não brinco com a dignidade de ninguem e muito menos de qualquer um dos meus jogadores. Sou ambicioso é certo, mas sem nunca colocar em causa os meus valores. Penso que por tudo isto mereço respeito e desafio qualquer um dos senhores que critica e que se acha mais do que eu, a vir fazer uma semana de treino, a vir apanhar com frio e chuva e ainda ter alguns jogadores que se acham mais do que os outros. Esses senhores são aqueles que criticam os jogadores dentro de campo e depois batem nas costas desses mesmo jogadores. Resumindo pessoas falsas e sem qualquer pingo de respeito, não só pelos outros mas por eles mesmos. Peço aqui publicamente desculpa aos meus delegados Sr. Adão e Sr. Rui por ter respondido às provocações de que fui alvo e aproveito para lhes agradecer todo o apoio que me tem sido dado. Nunca estive num clube onde os delegados me apoiassem tanto e já fiz muito mais noutros clubes do que aquilo que fiz no Ataense, mas é assim que se vê os grandes Homens. Para quem me critica e acha que o filho está a ser injustiçado, não o levem mais, deixem-no ficar em casa, comprem uma taça e escrevam " O MELHOR DO MUNDO" e contemplem essa mesma taça. Não estou a falar para ninguem em particular, mas para quem servir a carapuça que a enfie. É obvio que com estes acontecimentos colocamos sempre as mesmas interrogações "Tenho necessidade disto?", "Será que vale a pena aguentar estas injustiças?". Pois meus amigos tenho apenas uma coisa a dizer-vos. Vou continuar cá enquanto o clube quiser que o faça. Sempre da mesma maneira e a exigir o mesmo que exigi até aqui. Sei que alguns ficarão chateados com isso, mas... temos pena! Obrigado pelas criticas porque me tornam mais forte e me obrigam a trabalhar ainda mais. Não sou de abandonar o barco e esta situação não será diferente.
SÓ DEUS ME JULGARÁ.
MAIS NINGUEM TEM CAPACIDADES PARA ISSO.