Mais vale as lagrimas de ter perdido do que a vergonha de não ter tentado

 Antes de mais quero pedir desculpa a todos os leitores deste site pelo “descuido” que tive com o mesmo durante esta semana. No entanto, não posso deixar de referir que esta foi uma semana atípica e onde muita coisa aconteceu.

 

Vejamos, no passado domingo perdemos, em casa, com o Custoias por 3-4, isto depois de estarmos a ganhar por 3-1. Depois de uma primeira parte de luxo onde poderíamos ter chegado ao intervalo a vencer por 7-1 devido às oportunidades de golo que criamos, mas o futebol é propicio a isso e se não marcamos, sofremos. O Custoias soube aproveitar a nossa intranquilidade e conseguiu dar a volta ao resultado, aproveitando os nossos erros. Penso que tenha sido uma derrota injusta, mas apenas perdemos por culpa própria, até porque basta ver que a equipa do Custoias ainda não ganhou a mais ninguém.

 

Na segunda-feira fiz 2 anos de casado e aproveitei para não pensar em futebol e, junto com a minha esposa, desfrutar desse dia.

Na terça-feira fomos até ao campo do Perafita para defrontar a equipa local. Depois do que tinha acontecido no domingo, sabíamos que teríamos de estar mais concentrados e empenhados para que não voltasse a acontecer. Fizemos um jogo que no cômputo geral foi inferior ao do jogo com o Custoias, no entanto não perdemos pela primeira vez no campeonato e fizemos também o primeiro jogo sem sofrer golos. De referir que mesmo assim as melhores oportunidades foram nossas, mas infelizmente voltamos a não concretizar. Empatamos a zero.

Na quarta-feira fiz 29 anos, mais um dia voltado para a família, mas muito corrido, graças a Deus tive a companhia das pessoas que mais amo e que fizeram o dia valer a pena.

Na quinta-feira reflectimos sobre o que tinha acontecido nas duas jornadas que tinham passado, nos erros e nas coisas boas que fizemos, depois disso treinamos, um treino que correu muito bem e que acima de tudo deu para perceber que a equipa estava toda lá com vontade de dar a volta por cima.

Na sexta-feira, um treino apenas com os convocados, lances de bola parada e o afinar de alguns pormenores para o jogo com o Desportivo de Portugal.

Esse jogo chegou no sábado e sabíamos que não seria nada fácil. O Desportivo vinha de uma serie de quatro jogos sem perder e queria continuar assim. Já nós queríamos vencer e eu sabia que a intranquilidade poderia ser prejudicial para a minha equipa. Disse aos jogadores que teríamos de encarar este jogo com seriedade e lutar até ao fim para podermos sair de campo com a cabeça erguida.

Foi um jogo disputado, mas fomos, em minha opinião, superiores ao nosso adversário, praticávamos um futebol muito mais fluido, com a equipa a aproveitar a largura do campo e a sabermos efectuar as transições na perfeição. Logo de inicio criamos duas excelentes oportunidades para inaugurar o marcador, mas isso não aconteceu e o estigma dos últimos jogos veio ao de cima, quando o adversário chega ao golo. Nessa altura ainda nada tinham feito para que isso acontecesse. Não fomos abaixo e continuamos a jogar o nosso futebol. Foi com naturalidade que chegamos ao empate, depois de uma excelente jogada de Alexssandro, com Álvaro a finalizar no centro da área. Sinceramente acho que o merecíamos há muito tempo. Fomos para o intervalo empatados a uma bola. Avisei a minha equipa para os perigos normais da segunda parte e não me enganei. A equipa entrou bem, com ordens para manter a posse de bola, já que o perigo que o Desportivo causava era quando ganhavam a bola e a despachavam, literalmente, para a frente. Conseguimos fazer isso, mas aos 48 minutos o nosso capitão foi expulso, penso que houve excesso de zelo por parte do árbitro, até porque momentos depois deixou passar uma mão na bola do defensor forasteiro que cortou uma jogada de perigo. Mas já vamos ficando habituados a estas decisões por parte das equipas de arbitragem. Chegamos ao golo já a jogar com 10, continuamos a ser superiores ao Desportivo, continuamos a jogar melhor futebol, soubemos, mesmo com 10, parar as tentativas de futebol directo do adversário. Mas, a 1 minuto do final, voltamos a não conseguir vencer, já que num lance de um dos jogadores mais talentosos do Desportivo, que junto à área conseguiu aguentar o suficiente a bola até conseguir centrar a bola para um colega que estava no segundo poste e que finalizou. Estava feito o empate. A meu ver, (espero que entendam que é a minha opinião) injusto. O jogo terminou logo a seguir, mas não sem antes haver uma expulsão de um jogador do Desportivo que parou em falta o Álvaro quando este se isolava e tinha todas as possibilidades de colocar a nossa equipa a vencer novamente, do livre nada resultou e o jogo terminou. De reter os insultos de alguns jogadores do Desportivo para com os elementos do nosso banco, numa situação que eu não percebi bem o porquê, mas…

 

Hoje termina esta semana que teve coisas muito boas e outras nem tanto, mas, no geral estou feliz porque graças a Deus estou vivo e junto de quem amo mais do que tudo nesta vida, a minha linda esposa e a minha, não menos, linda filha.

No final do jogo de ontem havia uma interrogação que me assolava o pensamento, essa interrogação era: O que considero? Que estou há cinco jogos sem ganhar, ou que já não perdemos há dois jogos? Cheguei à conclusão que se olhar apenas para esta época posso dizer que se nota melhorias pelo facto de já não perdermos há dois. Se olhar para a minha carreira de treinador, posso dizer que nunca me aconteceu estar cinco jogos seguidos sem perder, assim como nunca me aconteceu estar a ganhar por 3 bolas a 1 e acabar por perder. Mas isto é futebol e por isso temos de encarar as coisas da melhor forma.

Sei que existem muitas pessoas que estão contentes com este arranque de época, arranque esse que pode ser considerado muito mau. Sinceramente, até eu o acho, estou habituado a ganhar e é por esse motivo que muita gente não gosta de mim, porque eu ganho muito mais do que perco.

No entanto as coisas não estão a correr bem e no final do jogo com o Custoias coloquei o meu lugar à disposição, não que quisesse fugir ou desistir de algo, mas sim por respeito pela instituição, na pessoa do seu presidente Sr. Vasco de Carvalho que me convidou para este projecto. A resposta que ouvi do presidente foi que nem sequer se devia equacionar essa situação porque o meu trabalho estava a ser bem feito e que apenas estava a faltar aparecer uma vitória. Alem disso tive também o apoio dos meus jogadores que sempre ficaram do meu lado. Com isto quero que todos saibam que eu continuo igual a mim próprio e que não estou agarrado ao lugar em lado nenhum. Quero fazer parte de um projecto e conseguir atingir um objectivo e quando eu vejo que as coisas não estão a correr pelo melhor deve-se encontrar uma nova solução. No entanto a confiança do presidente, por enquanto mantem-se.

Poderia aqui dizer que temos sido melhores do que os adversários e, sinceramente, penso que apenas no jogo com o Progresso é que não nos conseguimos superiorizar ao adversário. Mas para que serve dizer isto se os resultados não o demonstram? De nada. A minha experiencia de treinador, mas também de vida, dizem-me que em tudo somos medidos pelos resultados, em tudo somos rotulados de bestas ou de bestiais, mediante os resultados que atingimos e por isso eu sei que todos estão apenas a olhar para os números. Nós também.

Nunca pensei dizer isto, mas muitas vezes sou acusado de querer ganhar e todos dizem que na formação isso é secundário, porque estamos ali para formar jovens a serem melhores homens no futuro, então sendo assim estou a desempenhar um excelente trabalho, já que o feedback que tenho da maioria dos pais é que os seus filhos se sentem bem ali, que estão empenhados na escola e que são mais responsáveis. No entanto eu continuo a dizer que quero ganhar, porque as vitórias são o combustível da nossa motivação e que com elas é que conseguimos atingir os nossos objectivos.

Tenho de fazer um reparo às arbitragens que temos tido, não estou a dizer isto à toa já que todos os nossos jogos são gravados e podemos mostrar a quem quiser ver a quantidade de arbitragens tendenciosas, quer em termos técnicos, quer em termos disciplinares que temos tido. A dualidade de critérios é gritante e limitam imenso a minha equipa.

Dizer também que durante muito tempo fui acusado de muitas coisas, mas em momento algum permiti que algum jogador meu faltasse aos respeito fosse a que entidade fosse, no entanto aquelas equipas que têm treinadores que se dizem adeptos do fair-play e da formação permitem que os seus jogadores tenham atitudes de falta de respeito para com pessoas bem mais velhas e com outras responsabilidades. Que permitem que os seus jogadores insultem atletas, directores e treinadores adversários. A isso chama-se não saber dar educação, chama-se não ter mão sobre os seus jogadores, pois sobre os meus todos sabem que eu tenho.

Para terminar dizer que o Senhora da Hora está vivo, está de pé, até porque mérito não é nunca termos caído, mas sim levantarmo-nos de todas as vezes que caímos. Estamos cá e vamos continuar a lutar para conseguirmos chegar ao lugar que temos capacidade para ocupar.

Dizer aos meus jogadores que considero-os a todos. Dizer que temos um grupo espectacular e isso nota-se na união que temos. É nas dificuldades que se vêem as equipas e nós temos demonstrado que somos uma verdadeira equipa. Com trabalho chegaremos lá e degrau a degrau iremos para onde merecemos estar. Não desistam e lembrem-se que mais vale as lágrimas de ter perdido do que a vergonha de não ter tentando.

Um abraço a todos aqueles que trabalham comigo.

Mister Milton