Adeus ou até já?!?! O Futuro a Deus pertence

Adeus ou até já?!?! O Futuro a Deus pertence

 De férias…

 

… é sem duvida desta forma que eu me sinto!

 

Faz hoje uma semana que eu deixei de ser o responsável técnico da equipa de Juniores do Clube Desportivo do Candal, que disputa a série 1 da 1ª Divisão de Jun. A da AFP.

 

Muitos perguntar-se-ão quais os motivos para a minha saída, outros já se apressaram a fazer juízos de valor e de personalidade, deitando pela “boca fora” baboseiras típicas de mentes reduzidas.

 

Não sou um “iluminado”, nem tão pouco quero que, ao lerem este comunicado, olhem para mim como se fosse um santo, já que a realidade não é essa!

 

Sinto-me na obrigação de ser sério e directo com as pessoas que visitam este meu, ou melhor, nosso site e explicar as razões que levaram à minha saída do clube.

 

Antes de mais aproveito para dizer a todos quantos lêem este comunicado, que respeito muito o C. D. Candal, um clube com 107 anos, com uma mística muito própria, mística essa que nem todos a sentem e alguns batem no peito dizendo que são candalenses, no entanto as suas acções demonstram que apenas o são de boca e porque fica bem dizer.

 

Sai do clube porque não sou um treinador agarrado ao lugar, sinto que tenho valor para continuar a treinar, mesmo que não seja num clube com a dimensão exterior do Candal, não tenho necessidade de “lamber botas” para que possa fazer uma das coisas que mais gosto na vida, não sinto que seja de bom-tom, hoje ser treinador de juniores, depois de iniciados, depois de juniores novamente, mas, afinal o melhor é ficar pelos iniciados e posteriormente voltar aos juniores! Confuso? Talvez, mas apenas quero que percebam, e quem me conhece sabe que sou assim, não sou um “saltitão” do futebol, assumo os compromissos e levo-os até ao fim, nunca fui demitido de um clube pela vertente desportiva, ou seja, sempre cumpri os objectivos a quem me propus e no Candal, a história não foi diferente. Como pessoa não sou hipócrita, sou honesto, sou serio e sigo algumas máximas que a vida me foi ensinando… Sai porque não apertei a mão ao presidente da direcção, mas não lhe apertei a mão porque senti que desde sempre as pessoas também não foram respeitadoras para comigo, houveram situações, desde querer jogadores para ir para o jogo e não os ter porque não podia utilizar os dos juvenis, visto que foi esta uma das situações que me foram informadas na primeira reunião que tive com os responsáveis do clube, ou seja, não havia jogadores juniores que chegasse, então podia levar jogadores dos juvenis, mas nunca fui senhor de impor a minha autoridade de treinador de juniores e então levar os que queria, sempre levei os que os treinadores da equipa de juvenis (B) não queriam, passando pelos atrasos consecutivos dos míseros 100 € que recebia para colocar gasóleo no carro e ir para os treinos, mas as situações mais caricatas foram de dois jogadores, um deles que foi mal-educado para comigo, transmiti aos dirigentes que aquele jogador se encontrava suspenso e o que aconteceu, esse jogador foi promovido à equipa A, outro jogador que ia jogando na equipa B quando eu entendia que devia jogar, ou convocado quando fosse opção, os pais queixaram-se ao presidente e o que ele fez? Desautorizou o treinador e promoveu o jogador à equipa A…

 

Tudo isto foi feito sem me dar qualquer palavra, sem me transmitirem qualquer decisão, enfim… faltando-me ao respeito.

 

Por estes e outros motivos, passei pelo presidente e apenas disse “boa tarde”, o mesmo achou que era pouco e que tinha de lhe apertar a mão, pois eu não o fiz, porque se o fizesse iria sentir-me hipócrita, falso, desonesto comigo próprio… fui para o meu ultimo jogo como treinador do Candal, sinceramente no final do jogo despedi-me dos jogadores porque senti que era esse o desfecho.

 

Na segunda-feira quando lá cheguei já estava à espera dessa decisão, fui chamado ao gabinete e na presença do presidente e de um dos vice-presidentes, foi-me transmitido que não haviam condições para continuar a trabalhar… Senti duas coisas, uma delas pena por deixar a equipa de Juniores do Candal, porque criei amizade com todos os jogadores, mais com uns do que com outros não nego, mas com todos aprendi, senti respeito mutuo, carinho e admiração, mas ao mesmo tempo senti-me aliviado por ter deixado um peso enorme para trás. Esse peso deve-se à desorganização que se abateu naquele clube, onde todos tentam mandar, onde cada um acha que manda mais do que o outro, um clube onde as pessoas não remam todas para o mesmo lado e onde os maiores adversários estão dentro do próprio clube. Sinto que as coisas vão mudar, até porque já houveram candalenses que se insurgiram contra esta gestão que está a ser efectuada no clube e parece-me que num futuro próximo o Candal poderá crescer. Basta para isso que a mística seja reposta, que os valores do clube sejam respeitados e que todos pensem que o mais importante é e sempre será o clube. Foi dessa forma que entrei no clube e foi dessa forma que sai. Fiz tudo o que pude e sabia em prol do clube, tinha o objectivo da manutenção e conquistei-o, juntamente com a minha equipa e o meu colega Fernando Portela que trabalhou comigo desde o primeiro momento. Quando se despediu de mim o presidente, à data, disse-me: “não tenho nada contra ti como treinador, fizeste um excelente trabalho, mas não há condições devido a todos terem visto que tu não me apertaste a mão!”…

 

Saio de cabeça erguida, com a certeza do dever cumprido, cheguei ao clube com a equipa em penúltimo lugar, com apenas seis pontos, sai com a equipa em 11º lugar, empatada com o 10º com 35 pontos… isto para mim foi trabalho.

 

Li num site que nunca devia ter entrado no clube, já que sou mal-educado, condutor de violência (sinceramente não sei o que querem dizer com isto) e que não percebo nada de futebol, pois bem a minha resposta para os que pensam desta maneira é a seguinte, peguei numa equipa em frangalhos, equipa essa que ninguém de dentro quis pegar, nem mesmo os dois adjuntos que a equipa A tinha, uma equipa que precisava de utilizar jogadores 4 anos mais novos que os seus adversários, aos poucos fui construindo uma equipa, muitas vezes andamos a treinar sem guarda-redes, com bolas que nem no amador se encontram, com um defice quantitativo e qualitativo gritante e que todos tinham a noção disso. Agora, vinte jornadas depois da minha entrada conquistei 29 pontos, sinceramente não sei onde as pessoas que criticam se baseiam para o fazer… pois bem, com as criticas também se aprende.

 

Posso dizer também que muitos dos jogadores saíram em lágrimas do balneário, não para darem a chamada “graxa”, até porque a partir daquele momento eles sabiam que nada mais eu faria no clube, mas sim pela maneira como eu os fiz sentir, quer jogadores da equipa B, quer jogadores da equipa A, todos eles perceberam que eu os respeitava, olhando para eles, não só como jogadores, mas acima de tudo como jovens, como pessoas, como homens que se divertem a jogar à bola.

 

Quero pedir desculpa a todas as pessoas para com as quais eu não fui correcto, que possa ter dito as coisas de forma menos cordial, mas quero que todos saibam que sempre fui sincero em tudo o que disse e, para mim, nada é melhor do que a sinceridade.

 

Aproveito para deixar os nomes daqueles que sei que terei uma amizade sincera e com os quais eu espero poder voltar a conviver, dentro ou fora do futebol, são eles (sem qualquer ordem de importância):

 

Luis Oliveira

Rui Silva

Riki

Gerson

Serginho

Costa Soares

Cacheira

Junior

Carlos Pinto

Bernardo

Tiago Silva

Tiago Freitas

Russo

João Carvalho

Braima

Daniel Castro

André Araujo

Coelho

Daniel Bento

Paulo Pinho

Serafim

Torres

Ricardo Pereira

Tiga

Campota

Diogo

Hugo Luz

Pedrinho

Telmo

Resende

Rebelo

Miguel Aguiar

Leonel

Alexandre

Hugo

Pedro

Zé Ferreira

Di Maria

Renato

Rafael

João Vasco

Duarte

Alexandrino

Daniel Cristiano

 

Penso que não ficaram nomes por dizer e mais uma vez eu digo, não sou hipócrita…

 

Antes de me despedir quero deixar uma palavra de apreço para com um miúdo que eu gosto muito, um miúdo que eu vi crescer quer como jogar, mas acima de tudo como homem. Esse miúdo tem o nome de Diogo Portela, um excelente ponta de lança que, verdade seja dita, não está na sua melhor forma, mas que sabe o que é sacrificar-se em prol da equipa, que sabe o que é ter de jogar numa posição que não é a sua para poder ajudar a sua equipa. Aconteceu esta semana, o Diogo foi para a baliza, ou seja ocupou a posição de guarda-redes no ultimo jogo da sua equipa, os seus colegas de “posto”, por diferentes motivos não puderam jogar e então o seu treinador pediu-lhe o sacrifício de calçar as luvas, o Diogo acedeu de imediato e assim foi, defendeu como pôde e como sabia, com as limitações próprias de quem é ponta de lança, mas cumpriu, a sua equipa ganhou e ele não sofreu golos. Foi para mim um domingo de tarde bem passado vendo este jogador a trabalhar para ajudar a sua equipa a vencer. Directamente para ti, demonstraste que quando se pensa na equipa nada é impossível, fizeste ver áqueles que pensam apenas no seu umbigo e que sendo de uma posição ficam todos chateados quando lhes é pedido para desempenharem outra. Sabes o quanto eu gosto de ti e não duvides que uma das razões é o teu carácter e outra é o teu espírito de sacrifício. Parabens miúdo, espero que o futebol e acima de tudo Deus nos coloque na mesma rota.

Despeço-me dizendo que só Deus me julgará…

 

Não sei se com um adeus, ou com um até já, mas de uma coisa tenho a certeza, neste momento estou de férias e estou a adorar.

 

Abraço a todos

Mister Milton